ADMINISTRANDO A GLOBALIZAÇÃO

domingo, 23 de novembro de 2008


Filme sobre Ray Charles mergulha fundo na vida do cantor

Cena do filmeRay assume um risco monumental: tentar captar toda a carreira de um dos maiores artistas norte-americanos, o mito Ray Charles. Graças à atuação hipnotizante de Jamie
Foxx no papel principal, o filme em boa parte do tempo dá conta do recado.
Na primeira vez em que se ouve uma gravação de Ray Charles, não há como não se deixar fascinar pelo som e pelas histórias que ele conta em suas canções. A mesma coisa acontece com o filme: o espectador mergulha na trama de imediato.
Diferentemente das canções, porém, o filme não revela tudo. O longa mergulha fundo na vida do cantor, repleta tanto de dor e de problemas quanto de vitórias e realizações. Mas, por algum motivo, não consegue decifrar quem realmente foi Ray Charles.
Pode ser que o diretor Taylor Hackford, que passou 15 anos desenvolvendo o filme, com a colaboração de Ray Charles, tenha chegado perto demais de seu tema.
A melhor coisa de Ray é a maneira como dramatiza as influências musicais de Ray Charles, as mudanças em seu estilo e como o público foi reagindo a tudo isso.
Vemos Ray quando jovem, absorvendo o gospel, o jazz e o country. Ele começa por imitar o estilo de artistas populares como Nat King Cole e Charles Brown. Mas depois de encontrar sua voz própria, que é mais profunda e mais funk, Ray começa a fazer experimentos.
Ele funde o R&B com o gospel - o que, para alguns, é sacrilégio, para outros inovação bem-vinda. Em seguida, avança pelo rock e depois pelo country. Com cada avanço, o filme, em uma ou duas cenas bem realizadas, transmite todo o impacto que essas novidades tiveram sobre o cenário musical.
Os destaques de sua vida pessoal são igualmente dramatizados: a morte de seu irmão, por afogamento, aos 5 anos de idade; a perda da visão, aos 7; seus primeiros tempos na estrada, sempre solitário; o casamento com Della Bea (Kerry Washington), sempre devotada a ele, e os envolvimentos românticos com cantoras durante suas viagens de trabalho.
Ray se vicia em heroína, dependência que carrega por anos, até conseguir libertar-se dela. O filme passa tempo demais ilustrando essa batalha.
Os roteiristas Hackford e James White tentam vincular o problema com drogas ao sentimento de culpa de Ray pela morte de seu irmão e o estresse resultante de ser cego, mas não conseguem nos convencer.
O filme não chega a penetrar realmente na personalidade de Ray Charles, mas Jamie Foxx tem uma performance totalmente carismática.
Ele capta a maneira angular como Ray movimentava o corpo, balançando para frente e para trás na banqueta do piano ou quando simplesmente entrava numa sala. Mais crucialmente, Foxx expressa a natureza interior de Ray Charles, sua doçura inata, sua harmonia com o mundo, graças a sua audição aguçada e seu dom instintivo de agradar às pessoas.
Não há dúvida de que Taylor Hackford, que criou La Bamba e Chuck Berry Hail! Hail! Rock and Roll, um dos melhores documentários já feitos sobre a música pop, sabe fazer filmes sobre música, de modo que a produção é impecável, do começo ao fim.

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